ENSAIOS
Segunda-feira,
28/7/2003
Ensaios
Ensaístas
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O dia em que a música rachou
>>> A digitalização da música e a expansão da internet provocaram, na última década, uma rachadura de proporções épicas. Em linhas gerais, já temos hoje uma geração inteira que não tem a menor noção de que música é um produto que se compre. Por extensão, esta é uma geração que não consome discos ou os consome marginal e ocasionalmente. Quem consome discos, hoje, tem mais de 30 anos. Não tirei isto da minha cabeça. Um estudo recente disse, sem meias palavras, que a tentativa da indústria do disco de correr atrás do chamado "público jovem" era uma ilusão que poderia se tornar fatal se não fosse revertida a tempo.
por Ana Maria Bahiana
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Imagens do Grande Sertão de Guimarães Rosa
>>> “Grande Sertão: Veredas” é um manual de satanismo, ação lendária, epopéia/saga do sertão e seus vazios, que é o profundo da gente mesmo; reescritura dos romances medievais, épico, discussão entre Deus e o diabo. Riobaldo, o narrador, ex-jagunço, barranqueiro que faz um pacto com o diabo, diz: “Deus existe mesmo quando não há. Mas o demônio não precisa de existir para haver — a gente sabendo que ele não existe, aí é que ele toma conta de tudo (...) Deus vem, guia a gente por uma légua, depois larga.”
por Pedro Maciel
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São Paulo: veneno antimonotonia
>>> Toda grande cidade vale pelos pequenos achados. E São Paulo é uma cornucópia de pequenos grandes achados. A cidade tem muitos e sabidos defeitos: pode ser bastante hostil, falta-lhe verde e segurança, esbanja-se descaso com o passado, há muita desorganização e pouco espírito público. Mas tem uma qualidade que ninguém lhe tira: aqui só morre de tédio quem quiser. Por baixo do manto de poluição, por entre o cinza das construções, o colorido de São Paulo é incessante, insuperável, sob qualquer parâmetro. Como na letra da canção, esta cidade é um veneno antimonotonia.
por Daniel Piza
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Picasso versus Duchamp e a crise da arte atual
>>> Não há dúvida: Pablo Picasso e Marcel Duchamp foram os dois artistas de maior influência no século 20. Picasso, pelo conjunto de obras; Duchamp, pela negação da própria noção moderna de obra de arte. Podemos dizer que Picasso produziu arte em padrões clássicos: pintura, escultura, gravura, cerâmica. Enquanto Duchamp, depois de ter abandonado sua notável pintura, iniciou a construção da antiarte. Ambos passaram por seguidas metamorfoses. Em Picasso, as metamorfoses surpreenderam durante meio-século; mas, a inatividade de Duchamp não foi menos surpreendente, nem menos fecunda. Picasso e Duchamp foram o retrato do século 20.
por Alberto Beuttenmüller
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Dez clássicos para ler
>>> O que entendemos como um livro clássico? Este adjetivo descende do latim classis, frota, ordem. Chama-se de clássico um livro que “as gerações dos homens, urgidos por razões diversas, lêem com prévio fervor e com uma misteriosa lealdade”, anotou Jorge Luis Borges. O clássico nos ensina algo universal que, de certa forma, nos liga a uma vivência particular. Reler o clássico é na verdade descobrir nas dobras da memória não só a história do passado mas sobretudo o enredo de um provável futuro das relações humanas.
por Pedro Maciel
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Coração de mãe é um caçador solitário
>>> “Longa jornada para dentro da noite” (Long Day’s Journey Into Night), obra-prima de Eugene O’Neill, é uma experiência de teatro para quem tem mãe. Aquele tipo de mãe que padece no paraíso. Sem ironia. Durante quase 3 horas, a presença poderosa (até quando não esta em cena) de Mary Tyrone, inspirada na própria mãe de O’Neill, faz picadinho de nossas emoções filiais. Nessa produção magistral que acaba de estrear na Broadway (onde fica até 31 de agosto), Vanessa Redgrave interpreta Mary Tyrone. Na platéia, muito marmanjo aos prantos. A peça é de 1941 mas, infelizmente, sofrer de culpa é sempre moderno.
por Sonia Nolasco
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Fragmentos de um Paulo Francis amoroso
>>> Paulo Francis já me conhecia por escrito, cartas e textos que eu, ainda com 20 anos, enviara para ele, mas demorei quase um ano para conhecê-lo pessoalmente. Foi no lançamento, em 1991, de Cronistas do Estadão, uma coletânea que vai de Euclides da Cunha até ele, organizada pelo Moacir Amancio. Telefonei para o Moacir e perguntei se precisava de convite para ir até a Sala São Luiz porque o Francis viria ao lançamento. Moacir disse que era só aparecer, apareci, vi o homem que lia na Folha e em livros e assistia no Jornal da Globo havia tanto tempo, sem perder nada. Mais alto e elegante do que eu imaginava e, sobretudo, menos sério e mal-humorado.
por Daniel Piza
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O Desprezo de Alberto Moravia e Jean-Luc Godard
>>> Uma das fofocas mais intrigantes do universo literário do século 20 é a que circula nos meios cult sobre dois dos maiores escritores da história recente da Itália. Alberto Moravia, o autor de Os Indiferentes, foi casado com Elsa Morante (História). O casal conviveu no epicentro de um terremoto de vaidades: a crítica italiana não conseguia se entender sobre quem seria o maior escritor italiano da época – se ele ou ela. O casamento ruiu, é claro, sob o peso de seus egos, da intriga cortesã literária e da impossibilidade de saber quem de fato era maior. Elsa Morante saiu de casa para viver com outro, um amigo do casal, bonito, nobre, rico e também um artista maior, o cineasta Luchino Visconti.
por José Nêumanne
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Francis Ponge, garimpeiro dos sonhos
>>> Francis Ponge é, por excelência, o poeta das coisas que exigem definições, das coisas partidas, das coisas naturais, das coisas inanimadas e animadas. Ele descreve o universo, os meteoros, a chuva, o fogo. Encanta-se com os moluscos, ostras, caracóis. Busca a todo momento dar voz às coisas silenciosas. Traz à luz o mundo mágico da natureza. No Proemas, Ponge diz que “o homem julga a natureza absurda, ou misteriosa, ou madrasta. Bem. Mas a natureza não existe a não ser pelo homem”. Ele projeta, idealiza o homem harmonizado com os quatro elementos: a terra, o fogo, a água e o ar.
por Pedro Maciel
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As deficiências do jornalismo não são só aquelas que vocês conhecem
>>> Volta e meia me assalta a paranóia de que posso ter errado de profissão, que em outra atividade eu poderia ter me saído infinitamente melhor, que escrever não é bem a minha, que poderia ter estudado biologia, por exemplo, e ser hoje uma sumidade mundial e ter até conquistado para o Brasil o seu primeiro Nobel. Agora é tarde para recomeçar o que quer que seja, muito menos biologia. E já que não dá mais para sair do jornalismo, só me resta torcer para que as circunstâncias em que o praticamos se aprimorem cada vez mais. Um nicho na Internet, só, não basta. Precisamos conquistar para a nossa profissão as mesmas regalias de outras. Pombas! Somos ou não somos o quarto poder?
por Sérgio Augusto
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Julio Daio Borges
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