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Segunda-feira, 24/2/2003 Leonardo da Vinci: variações sobre um tema enigmático Sonia Nolasco Um único desenho de Leonardo da Vinci (1452-1519) seria suficiente para qualquer museu do mundo montar uma exposição especial e atrair multidões. Imagine, então, o banquete que o Metropolitan Museum of Art de Nova York está oferecendo (até 30 de março): "Leonardo da Vinci, Master Draftsman" mostra 118 trabalhos em papel (os desenhos, pequenos na maioria), e uma pintura, "São Jerônimo na Floresta", inacabada (como tantas obras do artista) e ainda assim extraordinária. Entre os desenhos conhecidos, há estudos para algumas de suas pinturas mais famosas, como "A Virgem e o Menino, com Santa Ana" (no Vaticano) e "A Batalha de Anghiari". Esta é a primeira retrospectiva completa dos desenhos de da Vinci na América, e inclui um exame meticuloso de sua contribuição à ciência, à engenharia e à arquitetura. A grandeza de da Vinci não caberia inteira em apenas algumas galerias de museu. Ele deixou mais de 4 mil desenhos e outros tantos manuscritos sobre diversos temas: anatomia do cérebro, das artérias e do feto humano; paisagens, mitologia, e cartografia. Portanto, é admirável o trabalho dos curadores da exibição, Carmen C. Bambach e George R. Goldner, do departamento de desenhos e gravuras do Metropolitan, que selecionaram as obras em 25 coleções internacionais famosas, entre elas o museu Uffizi, de Florença; museu e galerias do Vaticano, Louvre, e Castelo de Windsor (Inglaterra). A exposição segue uma certa ordem cronológica, criando um retrato do artista através de seus múltiplos interesses e realizações. Da Vinci sempre foi um enigma. Apesar de ser um dos artistas mais bem documentados dos tempos pré-modernos, permanece um mistério. Além de exímio desenhista e pintor, foi inventor (helicóptero, tesoura, submarino, tanque blindado de guerra; e idealizou a primeira lente de contato), cientista, escritor, pensador, arquiteto, escultor, e professor. Chamá-lo de protótipo do "Homem da Renascença", ou de gênio, não explica sua autoridade em tantos e variados temas. Muitos outros artistas tiveram o dom de pintar ou desenhar divinamente. Mas nenhum provoca tamanha curiosidade nas cabeças pensantes do nosso tempo. Da Vinci podia ao mesmo tempo desenhar com uma das mãos e escrever com a outra (de preferência a esquerda). Comprou cadáveres de ladrões de cemitério para estudar anatomia. Desprezava a guerra, mas trabalhou como engenheiro militar na invenção de armas letais. Era filho ilegítimo de uma camponesa e um jovem notário público, o que lhe deixou profundo complexo de inferioridade. Talvez a insegurança o impedisse de terminar suas obras mais ambiciosas? Ele produziu apenas 15 pinturas, a maioria inacabada, e não completou uma só das muitas esculturas que iniciou. Ainda assim, seria considerado um dos maiores artistas de seu tempo. Talvez, sem os desenhos não fosse o "Grande Leonardo". Mas os 10 estudos para o mural "A Batalha de Anghiari" (Florença) na exibição do Metropolitan são suficientes para apagar a ultima dúvida. A cronologia da exibição inclui exemplos representativos dos principais interesses de da Vinci, dentro e fora da pintura: nos primeiros desenhos, nota-se sua obsessão pelo exato drapeado da roupa em torno do corpo, tudo tão minucioso que parece ter vida; os estudos de cabeças de soldados para o mural "A Batalha de Anghieri"; pesquisas profundas sobre o movimento da água; discrição e ilustração didáticas dos princípios da hidrodinâmica, da anatomia humana e animal, da astronomia e da física; esboços de máquinas belicosas ameaçadoras; retratos de mulher de grande ternura; expressões humanas tão intensas que até hoje emocionam ("Jesus Cristo Carregando a Cruz"; "Cabeça da Virgem, visão de Três Quartos para a Direita"; "Velho Barbado, metade do corpo", talvez um estudo para a cabeça de São Pedro). Um dos pontos fortes dessa montagem é a aula de história da arte entremeando as obras de da Vinci - a seleção inclui também, de acordo com cada época, e lado a lado, desenhos de seu primeiro mestre, Verrochio, em Florença, e de seus melhores seguidores, como Boltraffio e d'Oggiono. Depois de toda a exposição, com dezenas de informações ao longo das paredes, o próprio da Vinci permanece uma figura nebulosa, como os vários retratos na famosa técnica "sfumato" (esfumaçado) que ele inventou. Críticos acham que existe um paradoxo nesses desenhos - eles observam e retratam a natureza da maneira mais íntima que jamais se fez, e ainda assim cada partícula desses detalhes parece impregnada de todas as surpreendentes excentricidades de seu criador. Críticos o descrevem como empírico, mas da Vinci não se considerava preso aos fatos. Seguia na rua pessoas que tivessem um rosto interessante para desenhar. Insistia em captar a verdade do momento, e cultivava a sensação de eternidade. Pesquisando as propriedades da água, deixou claro, por escrito, que nada podia ser mais mutável e difícil de captar que os movimentos da água. Na serie de desenhos "O Dilúvio", os terrores da imaginação parecem esmagar a ciência, com visões apocalípticas de ondas monumentais inundando cidadezinhas minúsculas. Leonardo da Vinci nasceu em 1452, de um casal extremamente humilde. Não deram atenção à educação do menino que parecia sempre abobado e só usava a mão esquerda. Mais tarde o pai o levou para Florença, na época o centro da Renascença na Europa. O rapaz tornou-se aprendiz do principal escultor e pintor local, Andrea del Verrochio. Com ele, da Vinci aprendeu a desenhar esculturalmente, ou seja, tendo em mente o volume do objeto; por exemplo, seguindo as curvas naturais do corpo humano, os drapeados da roupa. Aprendeu também a fazer esboços de objetos sob diversos ângulos, mas no mesmo espaço, capturando deles uma visão realística, tridimensional, novamente com volume. Em 1481, beirando os 30 anos de idade, conseguiu um trabalho significativo, a pintura de um altar com "A Adoração dos Reis Magos". Da Vinci concebeu um projeto ambicioso, com cerca de 60 figuras contra um cenário elaborado. Desenhou dezenas de estudos, inventou técnicas as mais exigentes, e finalmente abandonou o projeto. Na exibição do Metropolitan, estão apenas os estudos, dando uma idéia da beleza que teria sido a pintura. O artista mudou-se de Florença para Milão,onde foi empregado pelo governador, Ludovico Sforza. Aí permaneceu 15 anos, os mais produtivos de sua vida. E aí também da Vinci elaborou projetos complexos (esculturas e pinturas) que imortalizou através de seqüências de estudos. Ao mesmo tempo, ele trabalhou em outros fronts, deixando inacabadas duas pinturas magníficas, "São Jerônimo na Floresta" (no Vaticano) e, logo depois, "A Santa Ceia" (1493-1498) para o refeitório da igreja (e convento) Santa Maria della Grazie. Quando as tropas francesas invadiram Milão, em 1499, da Vinci voltou para Florença. Logo propôs mais um projeto colossal, "A Virgem e o Menino, com Santa Ana", que ficou nos desenhos, assim como "A Batalha de Anghiari". Este mural seria sua obra máxima, acrescida da honra de trabalhar ao lado do mestre Michelangelo. Pois mais uma vez da Vinci fez dezenas de estudos, e fugiu correndo para Milão. Em 1516 o artista tinha 64 anos, um velho para a época, quando o rei Francisco I da França o convidou para morar na corte e pintar o que quisesse. Ele foi, mas não por muito tempo. Da Vinci morreu em 1519. Os contemporâneos de Leonardo da Vinci provavelmente o consideravam um fracasso quando não conseguia terminar uma obra grandiosa. Ele se desafiava constantemente com tarefas monumentais, e não as terminava, do mesmo jeito que não tinha respostas definitivas ou soluções fáceis para as charadas da física e da ciência. Ele gostava de começar, de enfrentar o enigma. Desenhava sem parar, como se desenhar fosse uma maneira de refletir sobre a equação. Um critico observou que lhe parece normal um gênio da cultura ocidental não encontrar finais possíveis, pois sua cultura, naquela época e agora, é um "work in progress". Sundance Film Festival 2003 em circuito comercial A nova safra do Sundance Film Festival 2003 começa a ser distribuída em circuito comercial, ou seja, em cinemas de Nova York onde o pacote médio de pipoca custa US$4,50. Que ninguém se iluda; os filmes realmente independentes - "indies" no jargão dos cinéfilos -, de orçamento baixo e trama ousada demais para a digestão da periferia, esses só vão aparecer nas pequenas salas de arte. O Festival, de 16 a 26 de janeiro, em Park City (estação de esqui nas montanhas de Utah), permanece fiel ao principal motivo de sua criação - incentivar e promover diretores estreantes - mas os filmes que os distribuidores selecionam para o circuito comercial geralmente são aqueles fartamente iluminados por estrelíssimas de Hollywood. Este ano, os que vão chegar depressa ao grande publico são "Confidence", com Dustin Hoffman e Ed Burns, que foram a Sundance promover o filme, causando cenas de paparazzi típicas de Cannes; "The United States of Leland", com Lena Olin e Kevin Spacey (que cedeu sua produtora, para ajudar o diretor, Matthew R. Hoge, 28 anos, e também foi a Sundance dar inúmeras entrevistas); "People I Know", com Al Pacino (mais um a tumultuar o tráfego da minúscula Park City) ; "Masked and Anonymous", com Bob Dylan, Jessica Lange, e Penelope Cruz (que arrastam multidões à porta do cinema); "Levity", com Holly Hunter e Billy Bob Thornton, e "The Singing Detective", comédia musical com Robert Downey Jr., baseada na mini-serie de Dennis Potter para a televisão inglesa, na década de 60. Nenhum deles recebeu os maiores prêmios do júri. Respeitando a linha "indie" do Festival, criado pelo ator-diretor Robert Redford, em 1986, os campeões foram "American Splendor", uma adaptação da historia em quadrinhos underground de Harvey Pekar, e primeiro filme de ficção dos documentaristas Shari Springer Berman e Robert Pulcini; e "Capturing the Friedmans", uma colagem de videotapes caseiros explorando a atual obsessão da classe média em se filmar nas ocasiões mais corriqueiras, também primeiro trabalho de Andrew Jareki, que recebeu o grande prêmio de documentário. Esses e outros menos votados, apesar das honras, merecidas, vão esperar vaga nas salas de arte do país. Nos primeiros 10 anos, o Festival apresentava diretores debutantes (que só conseguiam atores igualmente debutantes, mal pagos) desesperados para serem descobertos, e atraía agentes e distribuidores de Hollywood desesperados por novidades. Em pouco tempo, e muitos sucessos de bilheteria, Sundance passou a ser também mercado de cinema, como Cannes e Berlim, o tipo de evento que o distribuidor pode usar para apresentar um filme comercial, com atores famosos, que será lançado em breve. A publicidade é sempre bem-vinda, não importa de onde venha. Esse fenômeno culminou com o sucesso de "In The Bedroom", que saiu do Sundance Festival para o Oscar de 2001. Ao mesmo tempo, distribuidores devotados a filmes independentes cercam de todos os lados os lançamentos "indies", em busca de mais um investimento lucrativo. Às vezes erram, como é o caso da comedia "Tadpole", de 2002, por cujos direitos a Miramax pagou US$5 milhões (muito, para Sundance), e que tem sido fracasso de bilheteria. A indústria cinematográfica se queixa de tempos difíceis. No entanto, os aspirantes a diretor não se deixam intimidar. O Sundance Festival deste ano recebeu 832 candidatos (ano passado, 750) a categoria drama, dos quais 537 foram filmados com câmera digital, que diminui bastante o custo do projeto. A seleção é sempre rigorosa. Em 10 dias, em salas diversas, o Festival mostrou 16 filmes para competição na categoria drama, 16 documentários também em competição, 26 filmes de diretores e atores já conhecidos, 9 documentários internacionais, e, fora da competição, 17 filmes da série American Showcase (mostra exclusivamente americana) e mais 18 estréias mundiais. Distribuidoras espertas arremataram (em termos de Hollywood, uma barganha) os melhores produtos antes que fossem mostrados, e já preparam seu lançamento: a Paramount Classics pegou (por US$2,1 milhões) "The United States of Leland", sobre um jovem sensível que mata um garoto retardado sem qualquer motivo; a Lions Gates, além de ser responsável por "Confidence" (lança em Abril), pagou US$1,5 milhões pelos direitos de "The Cooler", comédia com William H. Macy fazendo um jogador tão azarado e azarento que cassinos o contratam para contaminar jogadores sortudos. Por sua vez, os diretores novatos sonham repetir o fenômeno de "The Blair Witch Project" (no Brasil, "As Bruxas de Blair"), que custou apenas US$60 mil, e deu mais de US$50 milhões nas duas primeiras semanas, ou "Pulp Fiction", de US$8,2 milhões, incluindo salários de atores consagrados, e rendeu cerca de US$108 milhões em um ano. E o que fez atores renomados se interessarem tanto pelos "indies"? Observadores do mercado acham que a indústria de Hollywood está cada vez mais voltada para seqüências de filmes de ação que deram lucros extraordinários, e fantasias destinadas ao público adolescente. Assim, atores sérios (e também aqueles que estão vendo sua carreira desaparecer com a meia idade) migraram para os "indies", nos quais conseguem papeis importantes, e a oportunidade de serem vistos com destaque num "filme de Festival". A moto high-tech A maquineta é tão rara, e parece tão pratica e rápida em suas duas rodinhas, que todo xereta não resiste em parar o motorista, Frank Tropea, no meio do tráfego intenso de Manhattan, para perguntar onde ele comprou "essa motinho de brinquedo". Frank, 27 anos, não brinca em serviço. Está geralmente indo para o escritório, está com pressa, e faz frio, mas dá as dicas rapidamente, parando à beira da calcada, um pé no chão: sua moto high-tech chama-se Segway (pronuncia-se: segue) Human Transport, custou cerca de US$5 mil, é elétrica, e corre a velocidade máxima de 12,5 milhas por hora. Frank nunca acelera a esse ponto, pois adora exibir a novidade, e informar aos xeretas que ele é, sim, o primeiro dono de uma Segway legítima em Nova York, e que comprou-a do próprio inventor, Dean Kamen, praticamente via e-mail, depois de ver um anúncio sobre a misteriosa invenção em janeiro 2001, no website Inside.com. Frank esperou pacientemente a aprovação e fabricação da super-mini-moto-patinete, que recebeu apenas em dezembro passado. Os novos interessados vão esperar menos: a Segway Human Transport, a venda a partir do próximo mês (março), já pode ser encomendada via Amazon.com. Infelizmente muitos voaram atrás da notícia, porque a moto-patinete está atualmente entre os 200 itens mais vendidos (a US$4.950 mais taxas) da Amazon.com. No site da Segway, você descobre que Dean Kamen conseguiu fabricar uma maquineta surpreendentemente sólida e estável, capaz de manter seu condutor, de pé, sempre equilibrado, mesmo que ele curve o corpo ao dobrar esquinas, e mesmo em asfaltos traiçoeiros (pedras, areia, buracos) como os de Manhattan. Kamen usou sensores giroscópios possantes, e outros softwares que também produziu sozinho, em casa. A alta tecnologia usada por Kamen é invisível, assim como o radio Tivoli Audio que acompanha a Segway. Grupos defensores dos pedestres se manifestaram contra, entretanto Kamen arregimentou um lobby poderoso que acaba de conseguir que 33 estados passassem leis permitindo a locomoção da Segway em suas ruas e calcadas. O interesse pela patinete-moto, ou o que quer que se chame, cresceu tanto em janeiro que Frank Tropea criou seu próprio website pioneiro, SegwayChat.com, para discutir as utilidades do veículo (que promete ser o "must" do verão) e manter os fãs informados sobre as últimas notícias. Lendas românticas para inglês ver A verdade demorou, mas finalmente apareceu feito um cartão de Valentine's (Dia dos Namorados no hemisfério norte, 14 de fevereiro). Aquela açucarada "novela das oito" que a Inglaterra cultiva desde 1937, e que apenas escritores muito cínicos ousaram desafiar, chegou ao domínio público, para decepção dos corações românticos: o Duque de Windsor não trocou o trono pelo amor de uma plebéia americana, Wallis Simpson, duas vezes divorciada, com quem fora proibido casar; de fato, ele foi discretamente induzido a afastar-se do trono, usando Wallis como indiscutível pretexto. Por que era o Príncipe de Gales tão fascinado por uma mulher feiosa, magrela, e mais velha que ele? Porque Wallis, arrogante e autoritária, não o respeitava como futuro rei da Inglaterra; comandava sua personalidade fraca, ao mesmo tempo em que cultivava outros amantes, deixando Sua Alteza ainda mais inseguro. E ele simplesmente se deleitava na situação! Ah, dr. Sigmund Freud adoraria ter tido os dois num divã... A versão conto-de-fadas da história diz que o rei Edward VIII abdicou do trono em dezembro de 1936 para casar-se com Wallis. Nem suas muitas biografias tiveram acesso às informações que acabam de sair: o romance dos dois era estreitamente espionado pelo Special Brunch do serviço secreto inglês, cujos detetives prestavam conta diariamente de todos os passos do casal, e, de quebra, das rasteiras que Wallis dava no príncipe herdeiro. Segundo um relatório entre os 120 arquivos que as autoridades britânicas mandaram lacrar por cem anos em 1967, e que resolveram publicar agora (mudança de leis sobre o Public Records Office) porque não afeta a segurança publica do país, entre os amantes de Wallis havia um fixo, Guy Marcus Trundle, americano de Nova York, considerado "charmoso aventureiro", a quem Wallis dava dinheiro e presentes valiosos (tudo confirmado pelo próprio Trundle, na época, em entrevista ao Serviço Secreto). Trundle era casado, engenheiro mecânico, e dizia trabalhar para a Ford Motors. Sumiu do mapa logo depois do casamento de Wallis. De acordo com esses arquivos, que foram mantidos secretos até para biógrafos do Príncipe de Gales, em outubro de 1936 o segundo divórcio de Wallis estava ainda pendente quando ele expressou o desejo de casar com a plebéia. Só muitos anos depois uma biografia descreveu a cena que talvez tivesse incendiado o estopim: na casa de amigos, o chá foi servido ao Príncipe de Gales e alguns convidados, incluindo Wallis; sua Alteza Real, sempre habituado a fazer o que quisesse, estendeu a mão à mesa e tentou pegar um bolinho, no que levou logo um tapa amigável mas firme de Wallis, "Não mexa, espere ser servido". Dia seguinte ele anunciou que ia casar com ela. Elementar, meu caro Freud. Em junho de 1937, assim que o divórcio de Wallis finalizou, o agora ex-rei, intitulado Duque de Windsor, exilou-se na Franca e casou com a amada. Ela estava furiosa por ter sido banida da realeza, e seu descontentamento é visível nas fotos. Não parecia a noivinha feliz que conquistara um rei. Em outubro daquele ano viajaram para a Alemanha como hóspedes do III Reich. Surpresa para o mundo. Mas não para o Serviço Secreto e o governo da Inglaterra. Em arquivos anteriores aos recém abertos (e já explorados em biografias), havia várias provas concretas de que o Príncipe de Gales, ingênuo e fraco de caráter, era simpatizante do Nazismo na Europa. Esta a razão principal por ter sido afastado do trono. Wallis, a elegantérrima Duquesa de Windsor, considerada apenas um "cabide de roupas", incapaz de pensar, seria também simpatizante? Consta que era apenas "deslumbrada". Segundo um telegrama diplomático de Sir Eric Phipps, Embaixador da Inglaterra em Paris, em 1937, a Duquesa teria declarado, encantada, a "uma pessoa da Embaixada que o próprio Herr Hitler viera homenageá-los". Nota do Editor Todos os textos aqui reproduzidos são inéditos. Foram especialmente compostos pela autora para o Digestivo Cultural. (Saiba mais sobre a estréia de Sonia Nolasco na seção Ensaios, clicando aqui.) Sonia Nolasco |
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