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Segunda-feira, 2/6/2008
Cronópios
Julio Daio Borges


Pipol e Edson Cruz: os Cronópios

O Cronópios é hoje o principal site de literatura contemporânea brasileira. Fundado em 2005, baseou-se na experiência do extinto Capitu, superando-a em dinamismo, em alcance e em design gráfico. Além de textos, o Cronópios se compõe de podcasts e vídeos — que consagraram, igualmente, a chamada TV Cronópios.

Tudo isso graças a Edson Cruz, editor, e Pipol, programador e
webdesigner. Realizadores incansáveis, manejam algumas centenas de e-mails por dia, administram um fórum animadíssimo (o Café Literário) e ainda têm tempo para elaborar novos projetos multimídia.

Nesta Entrevista, a dupla conta como nasceu o
Cronópios. Relembra sua ligação com a Geração 90, os primeiros passos a partir da revista Mnemozine e os fortes laços com a literatura hispano-americana, desde o nome. Edson e Pipol comentam, também, sobre o atual jornalismo dedicado à literatura, sobre o futuro do livro em papel e sobre a nova geração de leitores on-line... — JDB

1. Edson, eu queria começar pelo Capitu. Porque é óbvio, para mim, que o sucesso do Cronópios decorre da sua experiência anterior. Eu sei pouco do Capitu. Você me contou pessoalmente algumas coisas, mas gostaria que recapitulasse aqui a história, para quem não sabe nada e para quem hoje se espanta com os números do Cronópios... Puxando pela memória, eu associo o Capitu à internet pré-Bolha, à "Web 1.0" (ou "0.0"). Mais ou menos na linha da Revista Submarino (alguém ainda se lembra?), de que participou, por exemplo, o Giron. Aliás, o Giron me falava do Capitu quando estava na Cult — na época em que a revista juntou forças com o site... E me ocorre, agora, a mensagem de despedida, bastante desiludida, quando o Capitu acabou — basicamente maldizendo o fato de que o dono nunca teve lucro... Enfim: o que o Capitu tinha de bom e o que não funcionou no Capitu? O que fez com que o site acabasse melancolicamente? E o que o Cronópios, de certa forma, "corrigiu" (ou aperfeiçoou), para ir mais longe?

Edson Cruz — A experiência com o site Capitu foi muito importante para mim. Pude entrar, definitivamente, na era da internet. Foi também um golpe de sorte, pois, quando conheci o Carlos Alberto (proprietário e idealizador do site), ele estava desanimado, sem perspectivas para o futuro... Peguei o bonde andando, e mais do que isso: peguei um trabalho consolidado e quase em fim de carreira já — visto que o Capitu era referência no meio literário, hospedava-se em um grande portal, e já havia mantido uma equipe de trabalho de quase dez pessoas... Enfim, comecei colaborando com uma coluna que levava o nome grego de Khalepa ta kala ("As coisas belas são difíceis") — mania de estudante de Letras pretensioso... Embora eu já fosse amigo e parceiro do Marcelino Freire, freqüentasse o sebo Sagarana, do Evandro Affonso, e tivesse acompanhado as reuniões e leituras que aglutinaram a famosa (e malfalada) "Geração 90", no Fran's Café da Fradique Coutinho, eu ainda não estava desperto e consciente para o que estava ocorrendo na literatura brasileira contemporânea... O Capitu foi uma escola. Aprendi mais lá do que nos meus primeiros três anos de curso na Letras...

Como eu era muito animado e apaixonado pela coisa, o Carlos Alberto foi acatando minhas sugestões e, em pouco tempo, eu já estava praticamente editando o site. Isso perturbava muito o cara, pois toda noite havia textos e colaboradores/convidados novos — e eu achava que as inserções demoravam muito a entrar na homepage do site... Eu passava os textos, com chamada, "linha fina", biografia etc. — e dependia só dele para que entrassem no ar. Quando o Carlos Alberto estava animado, os textos entravam rápido; mas quando não, demoravam dias... Foi a primeira coisa que percebi: na Web, tínhamos que ser rápidos e dinâmicos. Um site tinha que parecer, para seus leitores, ter sempre "gente em casa".

Outra coisa que percebi — e vejo que se tornou essencial, inclusive para o Cronópios — foi que um blog, com participação e comentários dos internautas, deveria estar logo na home, bem visível. Tinha de ser a "atração da casa", juntamente com os outros textos. No Capitu já havia esse espaço (tipo "Café Literário", do Cronópios), mas ele estava numa página interna. Passamos para a homepage e a coisa decolou. As pessoas se animaram a participar...

Um belo dia, o Carlos Alberto me liga e diz que o editor da Companhia das Letras — o todo-poderoso Luiz Schwarcz — havia telefonado para sua sócia (no site; que atuava como relações públicas), e passara um recado do Chico Buarque em pessoa: "Quem são esses rapazes do Capitu, aí de São Paulo, que ainda não fizeram nenhum comentário sobre o meu livro?". O lançamento era, se não me engano, Budapeste... Eu quase caí da cadeira. Não fazia idéia do poder do site. Se incomodava o Chico Buarque e a Companhia das Letras, entonces... a coisa era grande! Minha ficha caiu de uma vez por todas.

A empreitada, infelizmente, degringolou quando o Carlos teve a idéia de tornar o site também uma livraria virtual. A idéia, em princípio, era bacana, mas "na prática"... Conseguiu um sócio, que investiu bem, negociou com as editoras, montou até estoque, comprou um daqueles programas para gerenciar a livraria on-line, contratou funcionários e, depois de três meses funcionando, viu que não vendia quase nada. Ele e o sócio entraram em desespero... O Capitu, então, teria que servir à livraria. E a livraria servia às editoras (às grandes, de preferência)... Bem; eu percebi que estava na hora de cair fora... — e foi o que fiz.

Nos últimos tempos, tive, também, uma decepção com o Carlos. O Pipol, o Marcelo Tápia e eu, havíamos feito a primeira edição da revista Mnemozine. A meu ver, era mais do que natural que ela fosse hospedada no Capitu. Seria, inclusive, um ganho para o site. Mas não era o que pensava o Carlos Alberto... Ele relutou muito. Queria mudar todo o visual da revista, para que pudesse inseri-la como um produto do site... No final, até acabou entrando...

Contudo, naquela altura eu já pensava em ter um site próprio, onde pudesse fazer as coisas do meu jeito (com mais cores, imagens etc.). Incentivado por uma parceira de Capitu, a Adrienne Myrtes, esperei a poeira baixar — e, em seguida, o craque Pipol foi acionado... Ele fez um design (que adoramos) e, ainda, bancou toda a programação. A Adrienne acabou não acompanhando o ritmo do novíssimo Cronópios; logo, eu e o Pipol firmamos uma grande parceria, que foi muito mais longe do que eu poderia ter imaginar... Não há como pensar (e entender) o que é o Portal Cronópios sem a criação, as idéias, os gastos (e trabalho diário!) do Pipol.

Pipol — Conheci o Edson através do mesmo Capitu, que, realmente, era o site de literatura mais bacana da época... Lembro que eu sempre mandava minhas coisas e eles nunca publicavam nada (risos)... O sistema de publicação era bem precário: o editor não tinha acesso a um painel de controle, por exemplo. E esse foi o primeiro "defeito" que corrigimos — com o projeto do nosso site...

2. Edson e Pipol, eu admiro o fato de vocês publicarem sobretudo literatura. Nem digo resenhas ou críticas, mas literatura "no duro", como se dizia antes: contos, poemas, trechos de obras, experimentações lingüísticas. Eu nunca consegui isso no Digestivo. Publiquei uma coisa ou outra, é verdade, mas nunca consegui publicar sistematicamente literatura. Exige outro tipo de sensibilidade, na seleção, que o jornalismo não exige. Eu sinto que quando elejo um novo Colaborador, tem subjetividade na escolha, inevitavelmente, mas, ainda assim, consigo enumerar critérios objetivos. Em literatura, acho muito difícil. E no terreno da subjetividade, deve ser mais difícil ainda discutir: "Por que esse e não aquele? Por que ele e não eu? Por quê (me dê uma luz!)?" Vocês sabem do eu que estou falando... Então eu queria saber da coragem de vocês em publicar literatura, sobretudo brasileira e contemporânea. Como diria o Caetano Veloso, qual é "a dor e a delícia" de fazer isso? Temos de erigir, qualquer dia, o monumento do "editor desconhecido" — porque todo mundo acha que o escritor já vem pronto... e é só ir publicando?

Edson — Não há muito mistério, não! Há muita gente boa produzindo literatura hoje — ou "tentativas de" — no Brasil todo... Aconteceu que essas pessoas, antes, não tinham um espaço para escoar sua produção; e, também, para escoar aquela produção que ficou engavetada durante anos (e não havia sido, ainda, "contemplada" pelas editoras)... O Cronópios nasceu com essa diretriz/vocação... Fazemos evidentemente uma "seleção básica" mas que, no final das contas, nem é tão rigorosa assim. Aliás, nossos detratores dizem que publicamos muita "porcaria". Já esperávamos ouvir esse tipo de comentário de quem se encastelou no reino do "compadrio literário" e na "pseudo-argumentação" acerca do que é (ou não é) "alta literatura"... Na realidade, acabamos recebendo mais artigos, ensaios e críticas do que poesia, contos e romances. Se forem razoavelmente bem escritos, e com algo que crie um interesse pela leitura, colocamos na pasta dos "publicáveis", e vamos agendando de acordo com a "respiração" do site... Poesia é um pouco mais difícil de avaliar, claro, mas, como gosto bastante de poesia (sou leitor; e também cometo alguns poemas...), faço-o com prazer. E, óbvio, considerando a particularidade e dificuldade do "fazer poético", recebo uma quantidade bem maior de boa prosa do que de boa poesia...

Outra coisa que tentamos fazer — e que não é fácil (pisamos na bola, de vez em quando) — é não privilegiar só aquilo de que gostamos, ou mesmo uma "tendência estética" em detrimento de outra. Sabemos que, na literatura (e, em particular, na poesia), há várias "igrejinhas", com seus santos padroeiros e adeptos. Tentamos dar espaço para vários "credos" — e até para os "descrentes"! O que já nos trouxe muitas dores de cabeça... Enfim, no cômputo geral, creio que são mais "delícias" do que "dores".

3. Outra coisa que eu admiro em vocês — e no Rogério Pereira, do Rascunho (também no Márcio-André, da Confraria) — é a capacidade de circular no universo quase beligerante da nossa literatura. Isso eu confesso que também não consegui fazer. Acabo misturando a obra com a vida; e se leio um livro (ou um texto) ruim do sujeito, já fico sem vontade de conhecê-lo (muito menos de conversar com ele). Não sei: apesar de toda a cordialidade de um Nelson de Oliveira (que é um gentleman; assim como o Manuel da Costa Pinto), eu sinto que a emergência da chamada "Geração 90" (ou, para evitar controvérsia, dos autores que começaram a publicar na década de 90) diluiu as bases da "literatura brasileira" (ou do que restava dela) — de modo que abrir um livro de autor contemporâneo é quase como pisar num campo minado (você nunca sabe o que vai encontrar); portanto, eu não me sinto 100% à vontade num ambiente cheio de escritores contemporâneos... Contudo, eu admiro, por exemplo, o conselho editorial do Cronópios, com nomes de diversas gerações, tendências, facções. Também admiro o quadro de colaboradores de vocês. Qual é, afinal, o segredo para aglutinar tantas pessoas? Como vocês conseguiram fazer o maior site de literatura do Brasil, enfim?

Edson — O segredo, a meu ver, é não misturar "obra" com "pessoa". A pessoa vem sempre antes, merece tratamento adequado (não significa que eu consiga fazer isso sempre; afinal, sou filho de Deus...). A pessoa, para mim, é sempre maior do que a obra — mesmo porque... uma obra se constrói ao longo do tempo; e a pessoa você já pode "radiografar" com um olhar, uma palavra, uma resposta de e-mail... Não podemos esquecer que as obras, em geral, são artefatos ficcionais; por vezes, simulacros. As pessoas, e suas vidas, em certo sentido também são — mas, no fim, são igualmente a razão e o sentido de tudo (mesmo que elas sejam uma farsa; o azar é delas...).

Deixando o papo filosófico, de "alto-ajuda" (parafraseando uma coletânea organizada pela escritora Ivana Arruda Leite): as pessoas foram generosas com o Cronópios. Respondiam aos e-mails, ficavam entusiasmadas com o projeto, indicavam autores, passavam contatos que, antes do site, seriam dificílimos de encontrar... Nós só fomos "alinhavando", com educação e respeito, a malha que já havia sido iniciada com o Capitu.

A idéia era essa, como já dizia o mote inicial do Cronópios: "Literatura e Arte no Plural". Para pensar e agir "no plural", você precisa deixar algumas idiossincrasias (ou mesmo bobagens...) de lado. A tal pergunta-esfinge sempre se coloca e nunca é respondida... (Ou: ao longo do tempo, a resposta se altera): O que é literatura? O que é um grande autor? O que é (ou para que serve) a noção de autoria? Quais obras serão selecionadas pelo crivo do tempo?

O papel de um site de literatura é provocar a discussão dos autores, das grandes questões, dos livros relegados pelo jornalismo cultural viciado, dos textos (grandes ou não) que nutrem a sua época... E vivemos um pós-modernismo "pós-utópico", onde as verdades estabelecidas foram abaladas em seus fundamentos. A literatura, com alguma qualidade, vai refletir naturalmente essas questões... Não creio que a literatura feita pela "nova geração" tenha diluído as bases da "literatura brasileira". Talvez ela esteja sendo construída em outras bases... Por aqueles que, efetivamente, estão trabalhando por um projeto de construção (e não apenas querendo "surfar" no momento histórico)... Depois que o tempo — sábio e soberano — filtrar "o que vale a pena", creio que iremos nos surpreender com os mesmos critérios de sempre: audácia, criatividade, humanidade, estilo e — por que não dizer? — prazer estético.

Pipol — O que desmontou resistências, o que fez juntar opostos, em torno do Cronópios, foi a enorme energia que colocamos no projeto. De cara, parecia que o site tinha uma equipe de vinte pessoas trabalhando. Éramos só nós dois — uma coisa que causava espanto, quando falávamos... Agora chegaram mais dois colaboradores para nos ajudar: a jornalista e diretora de TV, Egle Spinelli; e o diretor de contas e sustentabilidade, Eliandro Lopes de Sousa. Mas, continuando: acho que foi a força dessa equipe, enxutíssima, que chamou atenção e que conquistou o respeito de tanta gente...

4. Pipol, eu considero a programação visual do Cronópios, o webdesign (numa única palavra), um capítulo à parte. Vocês não estão exagerando quando dizem que "não tem paralelo no Brasil", porque não tem mesmo. E a Mnemozine, então, é um estouro. Quando eu descobri, pensei: "Quem é o louco que montou esse troço? E, agora, como ele vai atualizar?" Acho que até escrevi sobre isso... Você conta, em outras entrevistas, da sua passagem pela TV e pelo vídeo, mas o webdesign tem o quê... quinze anos? Qual é o seu background artístico? De onde você tirou essa inspiração? E, principalmente, como você foi aprender a desenhar páginas que, de novo, no Brasil ninguém desenhou? Porque, por exemplo, quando vou implementar novas ferramentas (ou inaugurar seções) no Digestivo, eu me baseio em sites gringos. Você também tem a impressão de que a internet brasileira às vezes anda a passo de tartaruga? Será herança da nossa velha mídia, que — sempre que pôde — brecou o acesso ao conhecimento, à informação de qualidade, à tecnologia de ponta?

Pipol — Legal o seu comentário, Julio, muito obrigado! Não me considero um designer, por assim dizer, "profissional". Não tenho formação em Design. O que faço é algo como... um "site de autor" (parodiando o termo "filme de autor")! Um filme, por exemplo, é considerado "de autor" independentemente de ser uma "superprodução" ou uma realização "de baixo orçamento". O resultado terá sempre alguma "assinatura" — mesmo que o filme não seja unânime... Penso que deixo uma "marca" nos sites que construo; meio assim... sem querer. Não saberia trabalhar de outro modo... O Cronópios tem essa característica: é um site "de autor"; é bom onde é bom, e é ruim onde é ruim...!

E trabalhei, claro, com ótimos diretores de arte, quando exerci a profissão de redator publicitário. Como todo mundo sabe, a área de "criação" das agências é composta sempre por duplas: um "diretor de arte" e um redator. Eu não mexia com o lado visual diretamente, mas colaborava bastante com idéias. Quando apareceu a internet, eu logo quis saber do que se tratava. Fui fazer um curso de HTML — e me empolguei tanto que me matriculei em vários outros cursos, aprimorando incessantemente meus conhecimentos... Achei estranho, na época, os diretores de arte não se interessarem por internet. Eu — que era um mero "redator" — fiquei entusiasmadíssimo e eles ficavam literalmente... "sentados na cadeira"! Isso me marcou: foi uma grande surpresa a apatia deles...

E já que você perguntou: eu fiquei encantado com a internet porque trabalhava em TV (antes de me mudar para São Paulo). Era uma filial da Rede Manchete, em Bauru. Tive lá a oportunidade de criar em parceira, e de dirigir, um programa de TV voltado para o público jovem, o Zapteen. Foi uma experiência até poética. O programa era bastante sofisticado para a época. Até hoje, é bacana de se ver: perdeu muito pouco de seu frescor — e estou falando de 1993; ano em que esteve no ar... A internet parecia trazer de volta "esse tempo de imagens" e de movimento, de experimentação criativa... Me apaixonei! A parte que me toca, do Cronópios, vem desse programa de TV.

O background artístico? Acho que isso vem da infância; né? Eu gostava, por exemplo, de fabricar carrinhos de rolimã, e os meus tinham sempre uma coisa diferente... que eu pegava no ferro-velho. (Eu adorava ferro-velho...!) Tinha também um "laboratório"; eu devorava uma enciclopédia chamada Tecnirama, e tentava, às vezes, reproduzir algum instrumento. Montei um telescópio refletor newtoniano, seguindo os diagramas e buscando as peças em lojas da cidade. Eu era um chatinho desses (risos)...

E eu também, Julio, faço como você: vivo pesquisando, visitando sites de fora, para ficar atualizado no que está acontecendo. Os brasileiros são bons, também, claro... Achava essa defasagem — que você aponta — mais acentuada antigamente. Hoje, não, tanto... Mas, realmente: o pessoal lá de fora sempre "viajou" mais na criação...!

5. Aproveitando a presença do Pipol, eu queria entrar no assunto da TV Cronópios. Quando eu soube do projeto, confesso que também pensei que vocês estavam delirando... Porque texto é "fácil", comparado com produção de rádio e de televisão. O Paulo Francis dizia que, para produzir trinta segundos de vídeo, você precisa de oito horas, no mínimo... Televisão — vídeo em geral — é caro e dispendioso. Eu imagino que tem de pautar, roteirizar, agendar, filmar, editar e, finalmente, levar ao ar (fora toda a "produção web")... Logo, eu queria saber o que deu na cabeça de vocês para montar um canal literário, no sentido de televisão mesmo, na internet. O texto não era suficiente? Nem os podcasts? Resumindo: um site, qualquer que seja o assunto, precisa ser, daqui pra frente, obrigatoriamente multimídia? Porque uma coisa é o potencial multimídia da internet, outra, bem diferente, é realizar esse potencial... Eu sei do Entrelinhas e sei de vocês, mas não sei de nenhum outro programa eminentemente literário. Como tem sido essa experiência? É o que vocês esperavam? A palavra e a imagem podem, enfim, se reconciliar?

Edson — Se uma imagem vale por mil palavras — como diz o ditado —, o que dizer da palavra "nadando de braçada" em imagens e sons? Um site precisa realizar sua vocação multimídia, sim! Não pode ser um amontoado de words, tabelas e imagens mal-ajambradas... A potencialidade "verbivocovisual" da Web nos permite chegar a criações novas. Dinamizando — no sentido grego —, o velho poder da Literatura e das Artes. Por exemplo: o trabalho que o Pipol faz foi caracterizado, pelo Manuel da Costa Pinto, como "webpoesia". Eis que surge a figura do "webpoeta"! Não é simplesmente o poeta-que-usa-a-Web, para fazer circular sua poesia, mas, sim, o artista que faz poesia — com as ferramentas que a Web oferece. Daqui a algum tempo, haverá pesquisas e teses sobre essa e outras (novas) categorias da criação...

Pipol — Julio, lembro bem da sua desconfiança em relação ao projeto da nossa TV (risos)! Você estava certíssimo: é bastante complicado — mesmo — montar uma estrutura e ter o conhecimento técnico para lidar com vídeo. Quando anunciamos a você que montaríamos a TV Cronópios, eu não sabia como seria isso... A concepção do que seria essa "TV" já estava certa, mas não a parte técnica em si (não tinha certeza ainda se usaria Flash Vídeo, por exemplo, porque não funcionava no nosso servidor...). Passamos cerca de três meses testando "captação", manejo de câmera, software de edição, de som, compressão de vídeo — buscando sempre o melhor equilíbrio entre "a qualidade da imagem" e "o peso do arquivo final". Uma loucura... a quantidade de detalhes para resolver (e mesmo para aprender a usar)... Com a TV Cronópios, contudo, compreendemos que passaríamos a produzir as coisas "do nosso jeito": não apenas recebendo e publicando o trabalho dos colaboradores. Passaríamos a ser nós mesmos os protagonistas...

Estamos, agora, numa fase de criar programas especiais para a Web. Um ramo novo na internet — tanto aqui no Brasil quanto fora. Temos, por exemplo, o Bitniks, um programa de entrevistas — gravado com participação do público, na Fnac da Avenida Paulista. E vamos estrear o Donas Carochinhas — uma idéia do escritor e editor Cláudio Fragata (que topamos na hora, e já gravamos até um piloto)... São entrevistas com grandes autoras de literatura infanto-juvenil, mediadas pelo próprio Cláudio, que é uma referência nesse assunto...

Nenhum site precisa, obrigatoriamente, ser multimídia — isso não é (nem nunca será) uma imposição, apenas porque os outros o fazem... Um site só com textos pode ser extremamente atraente... No caso do Cronópios, nós é que gostamos desse lado "midiático". Apostamos nas interferências. O próprio site é uma interferência na paisagem!

6. Mais uma coisa que eu admiro é essa ponte que vocês — e outras revistas, como a Agulha — fazem com a literatura latino-americana ou hispano-americana. Desde a editora Amauta até o desembarque do selo Alfaguara no Brasil, parece que tem havido um esforço consciente de integração. Como é a experiência de vocês nessa área? A língua é uma barreira, ou não? E a temática... tem apelo entre os leitores brasileiros? Vocês chegam em outros países "hispanoparlantes" (se chegam, como é a recepção)? Eu estive como você, Edson, no Encontros de Interrogação em Buenos Aires, e às vezes acho que existe, efetivamente, um caminho a ser trilhado, mas, outras vezes, acho que o Brasil é uma história à parte, com autores como Guimarães Rosa, Nélson Rodrigues, Graciliano Ramos... Eu considero o fenômeno da blogosfera hispano-americana, por exemplo, impressionante, com um intercâmbio, entre países, que a gente não encontra nem entre as regiões do Brasil... O Cronópios, até pelo nome, abraça com que intensidade essa vocação "fronteiriça"?

Edson — A língua nunca deveria ser uma barreira. Principalmente na Web — que detonou, de vez, as fronteiras geográficas... A língua, eu acho, é "mais uma possibilidade" de diálogo e de entendimento das diferenças. O Cronópios já começou com essa vocação, como você diz. Vai realizando-a aos poucos — mesmo porque o Brasil é continental e, aqui mesmo, já há muitas fronteiras a serem superadas... Nosso sonho é ser, efetivamente, um portal que contemple todas as regiões do País, e que se torne, também, um ponto de confluência entre a literatura hispano-americana e a lusófona. Exercitando a arte da contraconquista, como dizia Lezama Lima. Nesse sentido, inclusive, somos "neobarrocos". Dias atrás colocamos, pela primeira vez, um texto em francês na home... Porque, em espanhol, já era um hábito! Claro que veio alguém dizer que estamos ficando sofisticados demais... Como se "abertura para o mundo" (e para o diálogo) fosse muita "sofisticação". Desde quando a cultura tem uma língua única? Já colocamos poemas em esperanto também... — alguém notou?

7. Lembro, agora, do Pipol bastante indignado — quando fomos conversar com os alunos do curso de literatura da Academia Internacional de Cinema —, criticando severamente as editoras brasileiras e inconformado porque não havia, entre elas, uma equivalente ao Cronópios, respirando literatura contemporânea por todos os poros... É um tema recorrente, esse; aqui no Digestivo, também: por um lado, até com os blogs, temos um número crescente de novatos; por outro, as grandes editoras se abstiveram do processo, a grande mídia, também, e as livrarias, quase... Estamos num beco sem saída, do qual só o livro eletrônico pode nos resgatar? Ou nem ele? Vocês acham que os escritores da geração internet ainda faturarão alguma coisa publicando livros físicos? Ou o leitor-comprador não consegue absorver os estreantes, não guarda os nomes e, quando vai na livraria, pega o primeiro que vê? Aproveitando: eu queria que vocês falassem, também, do Cronópios Pocket Books e do que acham do Kindle, da Amazon.

Edson — As editoras, no meu entendimento, são um pouco preguiçosas em relação ao novo. Afinal, a edição de livros é um negócio como outro qualquer (do ponto de vista do editor; por mais que os escritores se incomodem com essa idéia...) E pelo fato do livro ser, justamente, um bem de consumo, aposta-se no que dará retorno (ou quase; pois eles também erram bastante)...

Neste mês que passou, conversamos com o grande editor Pedro Paulo de Sena Madureira. Um editor como já não existe mais: apaixonado pelo escritor e pela escrita (não necessariamente pelo livro como objeto, e, sim, pela escrita). Ele nos contou sobre a dificuldade (e a importância) de se ter uma política editorial de longo prazo. Visualizar as próximas gerações de leitores! Ter competência e senso de oportunidade... É diferente de ser apenas um aventureiro e querer ganhar muito, em pouco tempo, sem gerar nada que perdure. Atitude predadora, aliás... Foi uma verdadeira aula. Logo colocaremos na TV Cronópios!

Em suma: o bom editor precisa se adaptar aos novos tempos e às novas tecnologias. Sem perder de vista a qualidade do texto, e as obras que importam — mesmo que lance alguns best-sellers para pagar as contas... Formar um catálogo digno!

Voltando à sua pergunta: o que vai nos salvar será, como sempre, a competência, a visão, a criatividade... Seja em livro de papel, seja em livro eletrônico. Outra coisa que precisaremos levar em conta é que os recursos naturais não vão durar para sempre: não adianta só replantar; pois destruímos muito mais do que árvores... Quer gostemos, quer não: o modelo de negócio do "livro em papel" precisa ser urgentemente repensado...

O leitor terá que se informar mais. E não se deixar levar pela exposição numa vitrine paga (de livraria, de jornal, de televisão)... Nesse sentido, a internet é cada vez mais importante — visto que os jornais (cadernos culturais) não são mais 100% confiáveis. Há muitos interesses em jogo... Qualquer pessoa mais informada, hoje, sabe.

Pipol — Continuo achando muita estranha a falta de compromisso das editoras com a vivência literária, com o estímulo à leitura e à formação de novos leitores... Para quem eles vão vender livros de papel, quando esta nova geração on-line estiver dando as cartas? A cultura toda será digital! Não tem volta; o mundo precisa dessa grande economia de papel. E será um movimento cada vez mais forte, daqui pra frente... Tudo o que puder ser transformado em produto digital... assim o será! E não se iludam: a maioria dos produtos culturais está nessa categoria.

Acho que o velho mercado livreiro só resiste porque ainda não surgiu um "iPod de livros" — ou seja, um livro eletrônico charmoso, anatômico, cheio de recursos... Você fala do Kindle: fiquei decepcionado; porque esperava um produto mais tecnológico. Achei fraco em matéria de design, e de novos recursos. A tela com tecnologia E Ink é um avanço — mas ainda não pode vencer o papel... O que pode ter gerado "frio na barriga" das editoras é o fato de ser um lançamento da maior livraria do mundo, a Amazon!

Mas eu quero um livro eletrônico diferente... Imagino um equipamento charmosíssimo, à base de nanotecnologia, com uma tela que pode se ajustar automaticamente à visão, que de alguma forma "massageie" o olho, "descansando a vista" e prevenindo contra doenças. Será um "companheiro" multitarefas, para todas as viagens (inclusive as literárias...). Será um terminal de internet sempre conectado... Acho que esse e-book deve evoluir do telefone celular — não será um produto com DNA próprio, creio... Futurista demais?

8. Vocês são heróis em manter essa iniciativa no ar, por mais de três anos, bancando o custo todo. Não precisamos entrar, aqui, em valores, mas eu queria saber — queria que vocês contassem, na verdade — como é o dia-a-dia, ou a semana, do maior site de literatura do Brasil. São muitos e-mails que chegam? Eu sei que são — mas quantos? Desses, quantos vocês selecionam? É sempre do e-mail para as páginas do Cronópios, com a intervenção de vocês, ou alguns colaboradores já têm senha e eles mesmos atualizam suas páginas? E os comentários, do Café Literário, são livres? Quantas pessoas participam dessa seção (vocês já contaram)? E as assessorias de imprensa das editoras, dos autores e dos eventos literários, como é que vocês lidam com elas? Telefonam muito para o Cronópios? Tentam pautar vocês como pautam, infelizmente, os cadernos de cultura dos jornais? Qual é a receita de vocês para fugir disso? E os chatos que querem divulgar seus blogs, como vocês escapam deles? E as "parcerias"? E as trocas de links? Afinal, ser grande também tem os seus custos... não tem?

Edson — Recebemos de 200 a 300 e-mails por dia. Nem todos são de colaborações, mas muitos são. Cada vez mais, aliás... Por enquanto — para manter a função de editoria —, somos nós que selecionamos, agendamos e publicamos de acordo no portal. Temos, também, as indicações de nosso Conselho Editorial...

O Café Literário é o local mais quente do Cronópios. Às vezes as coisas "pesam", precisamos intervir e até pensamos em tirar do ar — mas creio que todos perderíamos... Afinal, muito se fala em interatividade, em Web 2.0 etc. E o Café é a expressão prática dessa teoria.

As assessorias são muito bem-vindas, desde que respeitem a liberdade que conquistamos — de informar e dar espaço para o que nós achamos adequado. Temos que lembrar, também, que não temos uma grande equipe — o que torna o trabalho mais complicado. Muita coisa boa não entra por absoluta falta de tempo (nossa). Senão, teríamos que ficar 24 horas conectados — o que é inviável...

Pipol — Trabalhamos nos três períodos (matutino, vespertino e noturno) e nos finais de semana. E tem gente que ainda briga conosco (risos)! Os comentários do Café Literário são totalmente livres: entram direto no site, sem a nossa intermediação. Mas as mensagens que julgamos inadequadas — por ferirem a ética, estarem fora de contexto ou promoverem ataques pessoais — temos o dever de retirar do ar. Acho que pecamos, muitas vezes, por erros de avaliação — mas a intenção sempre foi a melhor possível... Somos falíveis; mas também somos os únicos a manter tal espaço. Algumas pessoas brigaram conosco porque não entenderam que estavam ultrapassando certos limites — e não tem nada a ver com "censura" (como eles gostam de falar, para se passar por vítimas)...

Sobre a participação do autor, vai estrear em breve uma nova ferramenta, que chamaremos "Blog do Texto". Funcionará assim: cada texto publicado no Cronópios vai ganhar um blog; nele, o autor poderá se relacionar com seus leitores — publicando e respondendo mensagens sobre seu texto... Com essa estratégia, vamos ganhar, de cara, milhares de blogs! Na teoria, parece excelente...

9. Eu queria — se vocês me permitirem — viajar um pouco... Não sei se concordam comigo, mas vejo o atual momento da literatura brasileira como uma panela de pressão que a internet, e/ou o barateamento dos custos de impressão (das gráficas), destampou (destamparam)... O Carpinejar, muito acertadamente, disse que o momento é mais de comunicação do que de literatura. De repente, você abre o Orkut (eu sei que o Orkut não é literatura): parece que transcreveram milhares de diálogos de ligações telefônicas. Imaginem um lugar onde publicassem, por exemplo, todas as conversas travadas via celular — iria sair um monte de bobagem, não iria? Mas as pessoas querem se expressar... Comparando com a música, é como se quase toda a população de cantores de banheiro decidisse gravar sua performance e soltar em MP3. Por isso eu digo que vocês são heróis: porque, no meio desse caos todo, estão tentando separar o joio do trigo. Mas a pergunta é outra: tem solução? Essa cacofonia é permanente ou vai aparecer, um dia, um "Google da literatura", para nos redimir? Qual é o feeling de vocês em relação a isso?

Edson — O Cronópios já é, modestamente, o Google da literatura brasileira. E tudo isso feito, simples e apenasmente, por duas pessoas. Imagine quando tivermos (e estamos trabalhando para isso...) a possibilidade de manter uma equipe de redatores, revisores, resenhistas, estagiários, assessoria de imprensa, relações públicas etc.?

Por outro lado, vejo com bons olhos essa efervescência de textos, "rascunhos" e idéias. Fazendo uma analogia com o futebol (tão caro ao nosso Presidente): imagine se, um dia, seríamos pentacampeões mundiais se não tivéssemos tantos campos de várzea, tanta gente jogando pelas ruas, tantos times... É dessa profusão de pernas-de-pau que magicamente surgiram Pelé, Garrincha e Leônidas da Silva!

Pipol — O Google da literatura já é o próprio Google... A qualidade deve estar sempre na pergunta (na query) e, nunca, na resposta... Se buscarmos coisas legais; encontraremos coisas legais... Se buscarmos coisas ruins, encontraremos coisas ruins... A internet não impõe uma única "verdade" (nem regras); como faz, por exemplo, a televisão. A internet é um universo "reativo". A Web responde à sua intervenção — à sua própria maneira. A internet é "humana, demasiado humana"...

10. Na última pergunta, eu queria aproveitar para vocês deixarem uma mensagem aos nossos jovens literatos. Não vou pedir para vocês aconselharem alguém que quer montar "um novo Cronópios", mas, sim, alguém que quer se embrenhar nessa história de literatura... Com a experiência que vocês têm hoje, o que diriam para o povo que está começando a escrever (ou que quer começar um dia)? Existe, sei lá, algum ponto em comum, uma característica, uma qualidade específica nos autores que vocês selecionam para participar do Cronópios (falo dos inéditos)? O que o jovem escrevinhador deveria ler, por exemplo? Em que ele deveria prestar atenção? Hoje, a formação literária é muito diferente da nossa (falo de nós, que pegamos um mundo pré-internet): os editores sempre serão uma referência forte ou as multidões (Web 2.0) também editam (e cada um tem de ser, igualmente, um pouco editor)? Vocês se imaginaram, um dia, com a responsabilidade de servir mais de um milhão de páginas por mês? Acreditam que o resultado (o bottom line) do que estamos realizando hoje vai formar uma geração — pelo menos, de leitores — melhor do que a nossa?

Edson — Meu conselho: faça você mesmo; não espere o aval de ninguém. Publique na internet; crie seu blog. Mande seus rascunhos, por e-mail, para quem você admira e respeita... — talvez ele (ou ela) te responda! Desenvolva sua escrita — isso é que é o mais importante. E não se esqueça de que o alimento para a escrita é a leitura. Leia de tudo; e na ordem que desejar. Não precisa ir até o fim... Se não gostar, passe para outro. E reescreva sempre.

Não sei se o resultado do que estamos fazendo hoje será "uma geração de melhores leitores". Talvez, não... As pessoas lerão e escreverão cada vez mais — com mais "esperteza", mas nem sempre melhor. E sempre haverá um ou outro "mais adaptado" à velocidade que as novas ferramentas nos impõem... Minha filha, de dois anos, já senta na frente do teclado e muda a tela para o que ela quer ver. Articula relações, e imagens, que me deixam boquiaberto... A cabeça dela é pós-analógica, pra não dizer "digital" (que me parece uma palavra um pouco fria). A palavra "dialógica" é quase boa — no sentido de algo que atravessa/ultrapassa a lógica... Algo que os velhos mestres de xadrez conseguem realizar e, por causa disso, driblam as máquinas mais poderosas e rápidas... Mas, às vezes, eles perdem; né?

Reconheço, contudo, que a função de editor está cada vez menos em voga... Afinal, qualquer um pode pagar para "editar" (imprimir) seus escritos. Em contrapartida, e por isso mesmo, o verdadeiro editor é e será sempre muito importante. A experiência humana com a leitura, com a cultura e com a escrita, é que faz a diferença. Qualquer máquina ou programa poderá "editar" automaticamente, ou até construir uma gama de textos... Ainda assim, programas e tecnologias nunca criarão um Ênio Silveira, um Pedro Paulo de Sena Madureira...

Para terminar, seria interessante que cada um pudesse se tornar, ou agir, como um editor de seus próprios textos... Apurar seu senso crítico e suas escolhas... Parece contraditório, mas não é. São os novos tempos!

Pipol — Acho que o Edson já disse tudo... Agora eu fico imaginando o que é ser "um bom leitor"? Para que serve ser um bom leitor (risos)? No dia-a-dia do site vejo trafegar pessoas que, com toda a certeza, são grandes leitores. Mas também são mesquinhos, briguentos, maledicentes, arrogantes, e por aí vai... Então, se a próxima geração não for a dos "grandes leitores", nada impede que seja mais avançada em ética, e mais competente, para levar o País a um outro estágio de civilização... É engraçado pensar nisso; mas, realmente, dizer que grandes leitores dão grandes homens e mulheres... é um mito! Eu acredito nessa moçada já digitalizada e on-line. Aposto que farão um Brasil melhor.

Para ir além
Cronópios

Julio Daio Borges
São Paulo, 2/6/2008

 

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