ESPECIAIS
Sexta-feira,
18/5/2001
Politicamente Incorreto
Colunistas
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O bode das drogas
>>> Não se sabe ao certo o que são drogas, mas parece haver um
consenso de que são ruins. Com esta homogeneidade de opinião, sobra
pouco espaço para o debate e uma visão crítica sobre o assunto, não
permitindo olhar para a situação com clareza. Drogas são
substâncias psicoativas, por exemplo, café, cigarro, álcool,
remédios, anfetaminas, solventes, maconha, cocaína, ecstasy, etc. É
possível ver a utilização de drogas pelo ser humano durante toda sua
história, e podemos levantar, basicamente, quatro modos do uso:
religioso, médico, celebrativo e cotidiano. Desta forma, drogas são
produtos que nossa sociedade denomina e utiliza, contextualiza como
droga.
por Ilana Mountian
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Palpites e Patentes
>>> Dificilmente uma pessoa que não tenha estudado física quântica
dará palpites sobre o movimento das partículas atômicas. Também não é
comum um advogado oferecer uma sugestãozinha durante uma operação
cirúrgica, ou um engolidor de espadas redigir uma petição. Muito
provavelmente um surdo evitará omitir opiniões sobre música, assim
como um cego sobre pintura. No entanto, os assuntos econômicos
e políticos parecem ser irresistivelmente atraentes, e do boteco mais
simplório ao restaurante mais refinado, encontraremos pessoas que
nunca estudaram esses assuntos opinando sem o estudo e a cautela que
eles exigem.
por Rodrigo Nunes
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Vamos fazer o português entrar na moda!
>>> Por que os estrangeirismos "pegam" tão fácil no Brasil? Porque
significam status, quer dizer, posição social. É um problema muito
mais sociológico e antropológico do que legal. No jargão técnico,
econômico, comercial, de moda, o domínio de palavras estrangeiras
pretende mostrar um conhecimento além daquele que normalmente a
pessoa alcança. O uso de estrangeirismos só vinga porque é
incentivado, bem visto, é sinal de personalidade. Quando a
situação se inverter e for de bom tom a comunicação na nossa língua
mãe, não vai ser preciso nenhum tipo de lei para mudar o
comportamento da população.
por Adriana Baggio
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Café-com-leite
>>> O politicamente correto, por aqui, não é o anti-racismo - é o racismo exacerbado, o direito de ser racista estendido às vítimas de discriminação. Os Estados Unidos são terrivelmente racistas. E não estou falando só desse racismo "de vingança". Os brancos são racistas, as pessoas não se misturam, não há mulatos, morenos, meio-termo; não há ambigüidades, transição, indefinição. Criticam o politicamente correto não pelos direitos que ele tolhe: para eles, o problema são os direitos que ele fez possível.
por Daniela Sandler
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Em Defesa do Funk - ou nem tanto
>>> Atualmente a onda não é mais o funk, mas sim falar mal do funk. A
imprensa parece que resolveu criar colunas quase que diarias para
detonar o ritmo e tudo que o cerca. Para começar, se o funk
está na moda é por que nos o colocamos. As grandes emissoras de
radio e TV só embarcaram numa onda que já dominava, não só a Zona
Sul do Rio, como São Paulo e outras cidades. Analisando
efetivamente, as letras não tem lá grande profundidade é verdade,
mas e daí? Qual o problema? A musica é feita para dançar e não
para se ouvir em casa estudando cada verso como se fosse Chico
Buarque. E tem aqueles que reclamam do apelo sexual das danças. Todos hão de convir que é muito mais provável uma forrozeira
engravidar chachando atracada com seu parceiro do que uma tchutchuca
fazendo a coreografia da dança do Tigrão.
por André Pires
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Paraguai
>>> Quem nunca esteve na terra de Chilavert com certeza conhece sua
fama, e essa coluna vem propor uma medida de controle. Se eu fosse
membro do governo lutaria por um fechamento de fronteira e
encerramento de relacoes com essa provincia guarani. O que de
bom vem do Paraguai? Resta ao mundo descobrir. O que o pais produz,
em termos de mundo animal, vegetal ou mineral? Do que vive o
Paraguai? Como e' possivel um pais viver escancaradamente da
ilegalidade? Que rica cultura traz? Musica? Belezas naturais?
por Juliano Maesano
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Sobre o ato de fumar
>>> Onipresente nos textos, embora pouco louvado declaradamente, o
cigarro marcou sua presença em versos como o de Augusto dos Anjos:
"Toma um fósforo / Acenda teu cigarro / o beijo, amigo / é a véspera
do escarro". A Souza Cruz, líder no mercado brasileiro, publicava um
relatório anual para acionistas com ensaios literários e fotográficos
envolvendo a arte relacionada ao fumar, cativantes quase a ponto de
te convencer - se você já não é - a experimentar o sabor ocre. Para
Ruy Castro, ele é "o nosso cúmplice, o parceiro com quem, sem trocar
de lábios, dialogamos em segredo", ou seja, um ente, com o qual pode-
se estabelecer uma relação dual, como a de Manuel Bandeira: "fumo
abençoado, que é amargo e abjeto!". A história da literatura
não teria sido a mesma sem os cálices e as piteiras, e ambos ajudaram
a construir tantas obras-primas como abreviaram carreiras, daí o
caráter conflitante do verso de Bandeira.
por Rafael Lima
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Qualquer diversão é bem-vinda
>>> Eu espero que nenhum londrino leia isto, mas eu tenho que dizer uma coisa
que vem se repetindo há muito tempo na minha cabeça: se há uma coisa que ele
não são é sinceros. Com tanta precaução, gentileza, organização, é
muito óbvio que esses meus colegas de metrô e de calçada estão, na verdade,
se lixando para você. Querem que você se exploda. Só pensam em si mesmos e,
se pudessem, em vez de dizer sorry, diriam fuck you. Alguns exemplos disso:
eu nunca vi, além de mim, pessoas se levantarem de seus lugares no metrô
para deixarem a uma velhinha ou uma mulher grávida se sentar; Quando vou
comprar uma bebida num pub, não interessa se o sujeito ao teu lado te
encontrou lá desde muito antes dele chegar para pedir sua cerveja - se ele
tiver uma chance de comprar a bebida antes de você, ele o fará. Nada de você
é o próximo? ou você está aqui a mais tempo, não é? Se você não tem UM pence
para comprar um sanduíche, UM pence (o equivalente a três centavos), eles
não vão te deixar ficar devendo, nunca. Você não leva o sanduíche. oh, I am
sorry, dizem eles. Mas quando alguém deixa troco a mais, eles não insistem
para você levar o dinheiro.
por Arcano9
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O problema de SP
>>> A principal causa do problema em São Paulo, não é a inépcia de nossos
governantes, a corrupção desses pulhas que chamamos de vereadores, nem as
agruras do injusto e excludente sistema capitalista; mas simplesmente a
quantidade indiscriminada de gente que veio (e segue vindo) se instalar
aqui, absolutamente despreparada e sem perspectivas de vida, fugindo da
miséria, e que acaba inchando de tal maneira a cidade, legando um nível de
vida abaixo de quaisquer limites toleráveis para seus descendentes. Óbvio
que houve a conivência da burguesia mal-acostumada que não dispensa a mão de
obra barata. Alguém trouxe essas pessoas pra cá. Seus filhos e
netos não terão empregos, nem educação, e como únicas alternativas lhes
restará a mendicância e o crime. É muito fácil por a culpa nos políticos,
mas nenhum governo ou prefeitura do mundo conseguiria lidar de modo
satisfatório com uma sociedade que cresce no ritmo vertiginoso de S. Paulo.
por Rafael Azevedo
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O Glamour da Miséria
>>> Para retratar a miséria glamourizada, Sebastião Salgado faz uso de
técnicas que valem a pena ser discutidas à luz de seu discurso. É mentira
que as fotografias sejam espontâneas. Usando de luz natural, Salgado monta a
cena de modo a torná-la mais e mais piegas. Nada que chegue perto do
"instante mágico" pretendido por Bresson. Salgado usa e abusa do
motor-drive, dispositivo que permite que a câmera dispare várias fotos por
minuto, num trabalho muito mais industrial do que artesanal. Pior seria
talvez pensar que a massa ignara não percebe que muitas das fotos de Salgado
só têm aquela luz e aquele tom e aquela textura graças ao trabalho de um
excelente laboratorista.
por Paulo Polzonoff Jr
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Julio Daio Borges
Editor
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